Mulheres na ciência brasileira

O infográfico “Mulheres na Ciência Brasileira” divulga a proporção de gênero dos docentes
vinculados a programas de pós-graduação no país de acordo com as suas respectivas áreas do
conhecimento. O objetivo é discutir as severas desigualdades que caracterizam os espaços
nacionais de ensino superior. Destaca-se, em primeiro lugar, a divisão sexual do trabalho, com
mulheres predominando em atividades relacionadas ao cuidado ou às humanidades, enquanto os
homens sobressaem especialmente nas áreas duras. Por outro lado, o gênero feminino é minoria
em quase todas as temáticas, alcançando equidade ou maior participação em somente 34% das
80 áreas classificadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES). Em uma comunidade acadêmica que totaliza 105.575 casos de docentes ligados a
programas de mestrado e doutorado[1], 58% são homens e 42% são mulheres.

A metodologia deste levantamento foi dividida em três etapas. Inicialmente, consultamos as
informações disponibilizadas pela CAPES em sua plataforma de dados abertos. A tabela mais
recente com detalhamento de quadros docentes da pós-graduação brasileira data de 2020, mas
não contém indicações de características como gênero e raça, ambas categorias socialmente
construídas. Isso nos leva à segunda fase da preparação dos dados, que consistiu na classificação
de gênero dos(as) professores(as), aliando técnicas de programação[2] com codificação manual.
Por fim, calculamos as proporções dos grupos “feminino” e “masculino”, dadas as restrições de
apreensão de maior diversidade da variável gênero.

Os resultados demonstram que ainda é preciso um esforço duplo para diversificar a ciência: há
que se incluir mais mulheres nas posições de difusão do conhecimento, mas também promover a
melhor divisão de tarefas na sociedade, orientando novas formas de sociabilidade que estimulem
os homens a olhar para o cuidado, assim como as mulheres a seguir carreira nas ciências duras.
O projeto “Diversidade na Ciência Brasileira”, conduzido em parceria do GEMAA com o
Instituto Serrapilheira, pretende produzir mais estatísticas que gerem debates sobre o assunto.

Com o presente infográfico, lançado no Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência,
damos o passo preliminar na popularização de dados usualmente pouco acessíveis ao público.

[1] Cada docente foi contabilizado de acordo com o programa de pós-graduação ao qual estava
vinculado. Se um(a) professor(a) apareceu com vínculo a mais de um programa, ele foi
quantificado de maneira repetida, baseada em sua inserção em diferentes quadros docentes.
[2] Utilizamos o pacote GenderBR. Ver em: https://fmeireles.com.

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